uma montanha vazia paira
sobre mim, agonizante
chorando a terra amputada
que lhe dói
como se à cruz doesse
o cristo
assim tocavas muito além
da ponta dos teus dedos
aqueles que vieste a reconhecer
só mais tarde
o sangue, esse, o mesmo
desde sempre
os ossos de ferro dispondo
verticalmente os limites do caminho
que te encarcerou dentro de um pensamento demasiado alto
por habitar
queria poder dar-te uma escada
para inverter o pensamento
tornar mais alta a distância
abreviar a infância inacabada
e o desaparecimento de todas as possibilidades
agora cada gota é um estilhaço líquido preso na vontade de te ver
por mais que os meus olhos sejam apenas
os restos de um gesto por enterrar
reservado num sonho de praias incertas
onde as pessoas se despediam
da tua voz proibida
soerguidas nas toalhas
como sudários em flor
Bom ler.te aqui
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