sábado, 15 de outubro de 2016

diário de um corpo menor


a nuvem escura de um poema 

paira à minha frente 

como uma pulga crepitando 

sobre o lençol negro da noite

tento definir os seus breves 
contornos 

entre a certeza de cada salto 
que apodrece

é uma nuvem de sombra sobre 
                           sombra 

mordendo mordendo   sempre 

até chover a sua própria carne 


e um gesto visível 

para quando 

cair sobre a luz
*

no fim a vida foi só 
isto: 
— esperar

pela próxima fome


Samuel C. Dayton 
– diários de um corpo menor 

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