não antecipei a tua morte, sou eu
aquele que devia ter desaparecido
e não tu
sei agora que não era suposto
ter ficado aqui, neste resto de corpo
em vez de ti, como um vício gasto
pela resistência do rosto à água
e à lembrança da dor,
um personagem que sobreviveu aos limites
da sua narrativa e do universo da casa,
do comércio da sede e da propriedade da terra
sobre o corpo
sobrevivi envergando apenas a tua sombra de carne
e o último voo de um pássaro de vento
ferindo as manhãs por dentro
todas essas manhãs que já não me suportam,
curvadas sobre mim
com o peso de uma gravata impotente
— para quê?
porque não me mataste
enquanto era o teu tempo?
Sammuel C. Dayton
– diários de um corpo menor
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